segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Quem não tem gato caça com cão. Ou: até os cuscos sabem dormir de conchinha

Ver pessoas morando nas calçadas foi uma das coisas que mais me impactaram quando vim pra Porto Alegre. Uma coisa é saber desta realidade, outra é cruzar com ela a toda hora, todos os dias. Passar por ela. Passar e não fazer nada, como quem passa por um cachorro dormindo na calçada. Ou por um poste. Porque até dos cachorros a gente se compadece e muitos levam pra casa. É mais fácil acolher um cachorro que um ser humano. Isso é uma das coisas que me impactam desde que nasci.
Naquela semana fria de julho, em que as baixas temperaturas nos deixavam com um "frio de renguear cusco", vi uma cena ainda mais inusitada: Um homem e um cusco dormindo de conchinha na calçada. Me arrependi por não ter fotografado. Na próxima manhã, a mesma cena. Não fotografei novamente. Achei que pareceria deboche. Como se não fosse deboche passar por ali todos os dias e não fazer nada. Se sentir impotente diante daquela cena é angustiante e não poder fazer nada me faz sentir pior que um cão. Ali eu entendi porque é mais fácil acolher um cachorro que um ser humano.

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