sábado, 19 de outubro de 2013

Praticando o desapego

Foto: Luciene Machado
Hoje à tarde fui à feirinha que a Lu e outras mães do condomínio onde ela mora organizaram, pra que as crianças pudessem vender e trocar as coisas que não usam mais. Tinha de tudo um pouco: brinquedos, livros, gibis, figurinhas, joguinhos. Tudo muito bem organizado em mesas onde cada um dos comerciantes mirins se desfazia de seus pertences com o maior gosto e por preços irrisórios, quase simbólicos.
Alguns usavam o resultados das vendas pra comprar na barraca dos colegas. Outros, juntavam a grana arrecadada pra comprar um brinquedo novo e muito desejado.

Depois de garimpar uma boneca e uns livros pra Cecília, minha afilhada e para o João Vitor, meu primo, fiquei sentada observando a movimentação. Vendo aquelas crianças tão animadas com a tarefa, fiquei pensando no quanto seria difícil pra mim fazer aquilo. Se eu tivesse que participar de uma feira dessas a minha barraca seria uma das mais vazias. Não que eu não tenha muitas coisas pra me desfazer não. Tenho um monte de quinquilharia que eu guardo há anos. Muitas delas não uso pra nada e com certeza alguém encontraria uma utilidade, nem que fosse pra reciclar. O problema é que eu tenho uma dificuldade tremenda pra praticar o desapego.

Depois de engordar uns 20 quilos, guardei uma pilha de calças da época em que estava mais magra porque com certeza quando emagrecesse iria querer usá-las. Emagreci os 20 quilos e, além de não querer mais aquelas, não consigo me desfazer das calças enormes que eu não pretendo engordar nunca mais pra usar. Vê se pode! Eu deveria ter vergonha de dizer isso. E tenho, tanto que depois que terminar de escrever vou ali arrumar meu guarda-roupa e não me darei por satisfeita enquanto não encher uma sacola. Eu prometo.
Não tenho todos os meus brinquedos guardados, mas lembro de uma vez em que me arrependi, depois de ter dado com a maior empolgação umas bonecas com as quais não brincava mais. Eu guardo desde anel vagabundo que de prateado ficou rosa a caixa de leite que, um dia quem sabe, eu possa querer usar pra montar um pufe. É quase inacreditável. Freud deve explicar, mas amanhã eu trato disso. O importante é que hoje as crianças ficaram felizes com suas vendas, lugares a mais nas estantes e brinquedos novos. E eu com os presentes que vou dar pros meus pequenos.

Mas o mais importante é o quanto eles devem ter aprendido com tudo isso. E eu também.

Agora vou lá me exercitar com a arrumação do guarda-roupa porque comi um pouco a mais neste final de semana, e pode parecer que estou com pena de me desapegar até dos meus quilinhos a mais. E esses eu dispenso com o maior prazer.

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