quinta-feira, 30 de abril de 2009

Sem reticências. Simples assim...

Hoje soube da morte de um antigo professor meu, da época do magistério. Morreu como meu pai. Com trinta e sete anos, dois anos a mais do que os trinta e cinco de meu pai. Tento pensar e me convencer de que tudo isso é normal, acontece com todo mundo. "Pra morrer basta estar vivo", minha mãe diz. E a gente sabe disso, todos nós sabemos disso, mas mesmo assim me pego me perguntando: Como isso foi acontecer? Com um homem que tem uma mulher nova e bonita, filhos pequenos e bonitos! Que agora vão crescer sob a angústia de não ter um pai. Vão sonhar e, no sonho, sonhar que ele morreu, e que vão acordar e ele estará vivo, afinal, tudo não passou de um pesadelo, e vão realmente acordar, e se dar conta de que acordar é um pesadelo...
Quando um pai perde um filho fica repetindo que esta não é a ordem natural das coisas, um pai não deve enterrar um filho... E faz parte da ordem natural das coisas uma criança tão nova perder um pai tão novo? Não culpo Deus por isso, ele sabe o que faz,e é só isso que me faz continuar acreditando na vida e nas pessoas. A morte está aí, convivemos com ela todos os dias, mas um dia ela chega mais perto de nós e nos faz sentir seu peso, como se fosse um eclipse que só acontecesse uma vez a cada mil anos, tal a forma como nos deixa perplexos.
Semana passada presenciei o enterro do irmão de uma amiga minha. Ele estava doente já há bastante tempo. Acho que as pessoas que amavam ele e que estavam sofrendo naquele momento deveriam agradecer a Deus porque permitiu que elas lutassem pela vida dele. Porque permitiu que, mesmo em meio à dor daquele momento, todos soubessem que lutaram para que ele continuasse vivo, e talvez isso tenha prolongado a vida dele e, feito com que ele vivesse momentos felizes mesmo depois da morte ter se instalado no corpo dele. Mas, quando a morte arranca a vida de alguém assim repentinamente, torna a angústia ainda maior, pois não se pode fazer nada, não se teve tempo de fazer nada, nada para amenizar o sofrimento daquela pessoa que amamos, não só diante da morte, mas diante de tantos outros medos, angústias, dores.
Sempre achei que a morte dói muito mais pra quem fica, pra quem sente uma saudade que sabe que não vai poder matar. Mas é assim mesmo, pra morrer basta estar vivo, e a vida é tão frágil. Coincidência ou não, uma amiga hoje disse que temos que viver cada momento como se fosse o último, porque quando deixamos de fazer alguma coisa hoje, não sabemos se vamos ter o amanhã pra fazer, sei que dizer isso é bobagem, que todo mundo sabe, mas nem sempre a gente lembra, e deixa de valorizar as coisas que realmente importam...

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